Paróquia Santa Luzia

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26 de ago. de 2012

ENTRE O ALTAR E O PALANQUE


A perigosa armadilha das campanhas políticas nas igrejas






ENTRE O ALTAR E O PALANQUE

 
A perigosa armadilha das campanhas políticas nas igrejas

E foi dada a largada. De todos os lados vemos, ouvimos e sentimos o “clima da campanha eleitoral”. São candidatos das mais diversas correntes e tendências. Parece que agora somos vistos. Enxergam-nos, sabem onde moramos, visitam nossos bairros, encontram nossas capelas, descobrem as datas de nossas quermesses, sabem até nossos endereços residenciais. E fazem-nos as maiores vênias e os maiores afagos.

Não reclamo. Na verdade prefiro passar por tudo isso a não ter o direito de escolha, como era lá pelos tempos da ditadura militar. A democracia tem seu preço e precisamos estar dispostos a pagar por isso.

O que não me parece bom é a perigosa relação que se estabeleceu (e tem ficado cada vez mais escancarada) entre a política partidária e as igrejas. Não digo que a religião deva distanciar-se da política como se ela fosse algo à parte da vida, uma coisa suja etc. Isso não! E se alguém vai por tal caminho vai contra a própria natureza profética que deve ser marca de todo cristão. Estamos neste mundo e nele devemos viver de tal maneira que sejamos luz em todas as realidades, inclusive no mundo da política.

Na verdade o papel das igrejas deveria ser de alertar e incentivar a participação dos fiéis na fiscalização, no acompanhamento dos eleitos, na formação ética e cristã dos que têm vocação para a política. DEVERIA, eu disse! O que estamos assistindo é coisa bem diferente.

Uma pessoa medianamente consciente que vê sua igreja “fechar” com determinado partido ou candidato deveria ficar, pelo menos, preocupada.

Raciocina comigo: é honesto aproveitar uma comunidade convocada e reunida pela Santíssima Trindade para ali pedir voto para quem quer que seja? Tenho o direito de me aproveitar daquele Espaço e daquela Hora que são do Divino Criador e seus filhos para promover alguém como sendo o “meu preferido” ou o “nosso candidato”?

A experiência nos mostra que igrejas ou instituições religiosas que se enveredam por este caminho perdem o poder da profecia e se vendem por pequenos favores e não podem depois denunciar a conduta dos eleitos. Estamos numa trilha muito diferente da que Jesus propôs.

Certa vez, quando eu servia numa paróquia do interior, uma senhora foi se aconselhar comigo. Ela havia participado de uma reunião de servos de um determinado movimento da Igreja. Nesta reunião receberam uma equipe da coordenação arquidiocesana que foi lá exclusivamente para dizer que todos os servos deveriam votar em tal candidato e pedir voto para ele. Apesar de alguns argumentarem que queriam votar em candidatos que conheciam dali mesmo, da região, não teve conversa: nosso candidato é fulano e pronto. Eu disse àquela senhora que o tempo do voto de cabresto havia passado. E continuo dizendo o mesmo para você, meu caro leitor, minha cara leitora.

Não podemos transformar o altar em palanque. Os candidatos que se apresentam como católicos precisam entender que, como membros da Santa Igreja, contarão sempre com nosso amor e nossas orações, mas que suas candidaturas precisam ser construídas no dia-a-dia da comunidade, naturalmente, sem “forçarem a barra” como estão fazendo, pois isso está fora dos planos de Deus. Enfim, precisamos não perder o rumo:

Orientar sim! Direcionar, não! A política é coisa séria, a Igreja é casa santa. Não desmoralizemos nem uma, nem outra.

Pe Elenivaldo Santos

Um comentário:

  1. Infelizmente existem pesoas que querem usar o nome de Deus para beneficio proprío,eu não concordo com isso,a nossa igreja precisa ser respeitada.
    Gostei muito da sua atitude Padre se todos fizessem assim...

    fica com DEUS.

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